Anualmente, no Brasil, são feitas 25 mil tentativas de fertilização in vitro (FIV), segundo a sociedade brasileira de reprodução assistida. Esse conjunto de técnicas, indicado para pessoas com problemas de fertilidade, tem como característica principal a fecundação e o desenvolvimento embrionário inicial realizado em laboratório. Depois, o embrião é transferido para o útero.
Os casos mais comuns entre os que recorrem a FIV são aqueles em que há obstrução de trompas e o fator masculino severo (ausência ou diminuição importante de espermatozóide). E os médicos são uma atenção especial às mulheres com idade superior a 35 anos, uma vez que a partir dessa idade começa diminuir a produção de óvulos e as taxas de gravidez diminuem substancialmente.
Mais é preciso esclarecer. Nem todas as mulheres com dificuldades para engravidar devem se submeter à FIV.
“Existem várias causas de infertilidade que podem e devem ser tratadas sem a FIV. Dentre as principais está a anovulação crônica (falta de ovulação), que está presente na maioria das pacientes que têm ovários micropolicisticos. A maioria dessas pacientes engravida com o uso de indutores da ovulação, que deve ser feito por profissionais capacitados. Outras pacientes com o fator masculino leve, endometriose em estágios iniciais podem engravidar por meio de uma inseminação intrauterina”, explica Dr. Adelino Amaral Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
Para as mulheres que têm indicação para a FIV, preparamos o passo a passo.
PREPARO PARA O CASAL
Por ser de um tratamento que envolve o emocional do homem e da mulher, é imprescindível ver o lado psicológico do casal, para diminuir a ansiedade e também preparar o casal em relação à expectativa de resultados. Além disso, inicialmente, são realizados alguns exames para identificar possíveis doenças infecciosas, tais como hepatites B e C, HTLV, HIV, sífilis e clamídia. Os médicos aconselham também que a mulher faça exames de rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus.
ESTIMULAÇÃO OVARIANA
A mulher inicia cada ciclo menstrual com vários folículos (unidade de onde fica o óvulo), mas apenas um cresce e fica pronto para a fecundação. Na FIV são necessários mais óvulos e isso é possível com o uso de medicações que estimulam o crescimento de vários folículos.
No Brasil, usam-se mais o bloqueio com análogos de Gnrh – agonista e vários tipos de ganodotrofinas, que contém o hormônio FSH ou a associação FSH+LH. A fase de estímulo dura em média 10 dias e é acompanhada pela ultrassom transvaginal, que monitora a ovulação. Quando os folículos atingem o diâmetro de 18 a 20 mm, é usada uma medicação para maturação dos óvulos e, entre 34 e 36 horas, captam-se os óvulos.
CAPTAÇÃO DOS ÓVULOS
É realizada sob sedação anestésica por via vaginal com uma agulha acoplada ao transdutor vaginal. Na maioria dos casos, trata-se de um procedimento rápido com recuperação e alta de menos de 2 horas.
FERTILIZAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
Os óvulos recuperados são colocados em uma incubadora e, posteriormente, classificados quanto ao grau de maturidade. Os óvulos maduros são inseminados com espermatozóides, que são colhidos por meio de masturbação, punção do testículo ou epidídimo ou descongelados, quando estão armazenados.
Na FIV convencional, cada óvulo é colocado em uma micro-placa com 100 mil espermatozóides. Atualmente, a técnica da inseminação mais utilizada é a injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI), na qual apenas um espermatozóide é injetado no interior do oócito através de um micro-manipulador. Com 17 a 18 horas avalia-se se houve fertilização (formação de dois corpúsculos polares). Com 48 ou 72 horas avalia-se o desenvolvimento embrionário. Em algumas situações, é possível prolongar o tempo de cultivo pó 5 a 6 dias, para que o embrião chegue ao estágio de blastocisto – que é quando o embrião implanta (gruda) no útero.
TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES
A transferência embrionária pode ser realizada no segundo ou terceiro dia; ou no estágio de blastocisto (quinto dia). O clínico e o embriologista selecionam os melhores embriões baseados em parâmetros morfológicos e na velocidade de divisão. O número de embriões transferidos obedece à resolução 1957/2001 do Conselho Federal de Medicina: dois embriões para mulheres até 35 anos; três embriões para mulheres de 36 a 40 anos; quatro embriões para mulheres com idade acima de 40 anos. A transferência é um procedimento simples e não requer anestesia. Na maior parte das vezes, a transferência de embriões é acompanhada por um ultrassom. Após a limpeza do colo do útero, o médico introduz um cateter e deposita suavemente os embriões no meio da cavidade uterina.
SUPORTE DA FASE LÚTEA
Já no dia da capacitação dos óvulos, a paciente começa a usar uma medicação que contém progesterona, para equilibrar a função hormonal e diminuir as chances de insucesso. No Brasil, o mais usado é a progesterona vaginal. Com 12 dias após a transferência, a mulher se submete a um exame de sangue Beta HCG quantitativo, para verificar o resultado do tratamento. Caso o exame dê positivo, a paciente deve manter o suporte da fase lútea e programar um ultrassom transvaginal com três semanas para confirmar a gestação clínica. Ou seja, o médico tem que ver o embrião com batimentos cardíacos.
FONTE: Revista Fértil